Ser aluno implica em aprender a saber e a saber-fazer, ou melhor: em aprender diversos saberes e afazeres, como, por exemplo, a estudar, ler e escrever, manejar instrumentos, adquirir atitudes, comportamentos específicos e a desenvolver estratégias de “sobrevivência”. Mas, a escola é também um local de vida relacional e sentimental que tem repercussões sobre o que é ser aluno e sobre os sentidos dados a ela. Este livro é fruto de uma pesquisa que se propôs a investigar o que é ser aluno de nível médio e como os alunos entendem, expressam e descrevem este ofício. Para tanto, foi observada a vida cotidiana de uma turma de segundo ano do ensino médio regular de uma escola pública e foram realizadas entrevistas com os estudantes. Dentre as aprendizagens advindas desta experiência, percebemos que por mais que o ofício de aluno seja estabelecido a priori, ele não possui um formato rígido; é algo em constante reconstrução e reestruturação, e vai sendo moldado pelas relações de alteridade que se estabelecem dentro e fora da escola. Deste modo, os jovens acabam se constituindo como atores plurais, produtos de diversas experiências, e diante dos vários afazeres, comportamentos e atitudes que precisam ser assumidos, cada qual imprime e constitui sua identidade ao ofício que desempenha.