Observa-se um crescente afluxo de pessoas para áreas protegidas, atraídas pelo chamado ecoturismo. Contudo, ocorre uma invasão cultural e embates com as comunidades que têm convivido secularmente perto desses patrimônios naturais. Os processos de “preservação” implantados acabaram por excluí-las socialmente, desencadeando uma série de discórdias, como as evidenciadas em todo o Vale do Ribeira (SP), levando a população dessas regiões a se afastar da proteção ambiental e cultural, particularmente, entre os anos 1980 e 1990, gerando discursos negacionistas, incentivados pelo oportunismo e pela demagogia dos donos do poder local.
Surge, então, uma provocação: “O ‘meio ambiente’ prejudicou a gente...”. Atrás desse título-tema mora um enigma, que me motivou a tentar desvendá-lo. Que “meio ambiente” é esse que prejudica alguém? Qual o contexto em que isso se desenvolve? O que seria uma pedagogia dos conflitos socioambientais?
Para desvelar o antagonismo gerado por esse assunto, promovi uma caminhada pela minha história de vida em que conviveram, em necessário intercâmbio: Militância-Ensino-Pesquisa. Precisei resgatar os motivos que me levaram a sofrer um desvio de rota, saindo da educação escolar em área urbana indo parar nas matas densas e emaranhadas da educação e dos movimentos sociais; da invisível educação nas relações sociais, a fim de desenvolver uma investig(ação) na zona rural do Alto Ribeira. Procurei mergulhar fundo no lago desse fazer, resgatando a trajetória de uma pesquisa participativa, multirreferencial, de caráter (auto)biográfico, cujo estudo de caso ocorreu no município de Iporanga (SP). O estudo original foi apresentado como dissertação de mestrado para a Faculdade de Educação da UNICAMP.
Sobre o fazer Educação Ambiental, tão necessário, surge com frequência um turbilhão de possibilidades, de confusões, entretanto, tenho claro que não existe uma forma pronta e acabada. Cada experiência e realidade possuem um ritmo próprio, um caminhar, e é exatamente esse caminhar que procurei recuperar na presente publicação.
É na riqueza do processo e de seus desdobramentos; nas inter-relações entre os sujeitos sociais participantes das discussões sobre conservação ambiental e alternativas para o desenvolvimento econômico; nas histórias das relações entre natureza e cultura; e no papel das políticas públicas que se engendrou o estudo ora apresentado na forma de livro. Esperamos que a obra motive os leitores e as leitoras a refletir sobre suas próprias problemáticas, suas práticas socioambientais, abrindo novos horizontes e oportunidades, acadêmicas ou pessoais.

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Autor Luiz Afonso V. Figueiredo
Editora APPRIS
Idioma PORTUGUÊS
Encadernação Brochura
Páginas 545
Ano de edição 2022
Número de edição 1

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"O ‘meio ambiente’ prejudicou a gente...”