Resultado de pesquisa sobre os impactos da escolarização e da chegada da luz nas aldeias, entre as crianças guarani mbyá do estado do Rio de Janeiro, a obra tem como objetivo refletir na formação dos professores, a respeito da construção de currículos diferenciados que levem em conta essas transformações. Aspectos da infância indígena - particularmente da guarani - têm sido objeto de poucas pesquisas no Brasil, razoavelmente esporádicas e pontuais. O autor analisou mudanças em curso a partir da relação das tradicionais comunidades guarani mbyá com a instituição "escola indígena" e com as tecnologias decorrentes do uso da energia elétrica nas aldeias, sobretudo a televisão e o computador.

Educador e participante de programas de formação de professores indígenas, o autor alerta para as implicações desses processos em tais iniciativas, refletindo sobre o componente da "interculturalidade", um "perigoso consenso" apontado como necessidade da escola indígena. Também voltou-se para a linguagem, na perspectiva da linguística antropológica e em sua função/ação discursiva e no contexto de distintos gêneros. Segundo Nobre, na escolarização há uma apropriação criativa de elementos da educação tradicional guarani, incorporados à escola pelos professores guarani. Paralelamente, observa-se subversão e reprodução de normas e preceitos típicos da educação escolar não indígena.