• Entre a bancada e a sala de aula: a experimentação no período de ouro do ensino de ciências

Aula de Ciências tem que ter experimentação. Será? Ao perguntar aos meus alunos na licenciatura em Ciências Biológicas sobre suas memórias das aulas de Ciências e Biologia, dois tipos de relatos aparecem constantemente e podem ser resumidos nos exemplos a seguir: "Uma memória que marcou em aulas de Ciência foi a primeira vez em que utilizei um microscópio, na sexta ou sétima série. A professora colocou uma mosca no estereomicroscópio e pediu para os alunos desenharem o que observaram. Fiquei bastante impressionado na época com a mosca e com o microscópio em si, e com a quebra na rotina das aulas". "Meu ensino de Ciências e Biologia foi marcado por aulas expositivas. Posso não me recordar delas, mas a exigência de certos professores na hora da avaliação certamente me marcou. Todo o conteúdo passado na lousa devia ser estudado e memorizado...". A realidade da formação de professores vem nos revelando que as práticas experimentais estão, em grande parte, presentes na memória dos alunos como algo positivo e instigante. Contudo constatamos que, no conjunto das memórias da escola básica, essas práticas são raras e pontuais. Essa aparente contradição é um dos elementos mais instigantes explorados por Maicon Azevedo em seu livro. O autor nos provoca a refletir e aprofundar por que, afinal, apesar de certo consenso, a experimentação parece, ainda, ser tão rara nas aulas de Ciências. Para explorar o tema, Maicon escolhe apoiar-se na perspectiva teórica da história das disciplinas escolares e, em particular, em aspectos da Teoria do Discurso Pedagógico de Basil Bernstein. Tais alicerces ajudam o autor a percorrer e articular elementos históricos, políticos, sociais, científicos e pedagógicos, com ênfase no movimento de renovação do ensino de Ciências e no estudo do projeto BSCS. Assim, ao explorar e problematizar a influência norte-americana na constituição das experiências curriculares no Brasil, Maicon também revela a importância das iniciativas brasileiras de mudanças curriculares, evidenciando as instituições e os atores, os espaços e os tempos, as tramas, as tensões, as formas de poder e controle sobre o que e o como ensinar e aprender, que marcaram a trajetória única e rica do ensino de Ciências do Brasil. Certamente, trata-se de uma versão da história dessa disciplina em nosso contexto e, por isso, é tão importante e necessária. é uma honra e um enorme prazer poder ler esta obra e, com ela, reviver, retomar, conhecer, contrapor, concordar e discordar com toda essa riqueza de informações sobre o ensino de Ciências. Creio que este livro constitui-se como uma das referências essenciais para os cursos de licenciatura das diversas áreas das Ciências Naturais e que seu papel é ímpar na formação inicial e continuada de professores.

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Autor Maicon Azevedo
Editora APPRIS
Idioma PORTUGUÊS
Encadernação Brochura
Páginas 169
Ano de edição 2020
Número de edição 1

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