Este livro problematiza a Educação Integral no Brasil, com destaque para o Programa Mais Educação, implementado a partir de 2007 pelo Governo do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva e em continuidade no Governo da Presidenta Dilma Roussef. Para isso, consideramos a concepção de Educação Integral que orienta o Programa; as formas de organização do espaço/tempo escolar; os “saberes” que compõem o currículo; a formação e gestão de pessoal e a política de financiamento. Partimos do pressuposto de que o Governo Federal, ao construir uma nova estratégia para a educação integral, articulando Educação Intercultural, Gestão Intersetorial e a ideia de Cidade Educadora, está convocando os municípios a ampliarem a jornada escolar, visando a melhoria da qualidade do ensino fundamental. Por sua vez, a defesa da ampliação da jornada escolar também está ancorada na doutrina de “proteção integral” das crianças e dos adolescentes, incluindo os que se encontram em situação de “risco e vulnerabilidade social”. A ampliação das funções da escola, sob o lema de “proteger e educar”, então, inclui os filhos de trabalhadores, desempregados, trabalhadores informais ou precarizados, que poderão estar em situação de rua, submetidos ao trabalho infantil, às diversas formas de violência e às drogas. Ofertar aos filhos dos trabalhadores mais tempo na escola é propagado como possibilidade de “mais educação” e “menos violência”. Analisar as contradições e possibilidades dessa proposta, sob a égide do neoliberalismo, é o objeto do debate que estamos propondo.