Construir currículos , formar pessoas e constituir comunidades educadoras, de Luiz Roberto Alves
Quando entrevistado por Jô Soares em 1995, de passagem por temas da cultura brasileira, nosso geógrafo Milton Santos (1926-2001) disse que as obras didáticas deveriam ser criadas e escritas como enredo. O enredo é a criação em movimento, ou a abertura para novas criações. Assim, este livro, escrito por quem e para quem pensa e/ou atua na educação básica, estuda as necessárias e escondidas Diretrizes Curriculares Nacionais do CNE-MEC (1997-2016) e propõe novos enredos, isto é, que os currículos criados livremente pelas comunidades educadoras – que também podem ser as escolas que temos – incluirão ciências, artes, estéticas, técnicas, literatura, filosofia e outras bonitezas para construir a educação cultural e a cultura educacional em movimento tanto rigoroso quanto inventivo.
Mário de Andrade dissera nos anos de 1930 que a educação só se integraliza na cultura. Crê o autor deste conjunto de ensaios que as DCN - embora não exclusivamente - concorrem diretamente para a formação dos sujeitos da educação, professores, professoras, estudantes e toda a comunidade educadora viva e ativa no bairro, na cidade diversa, no campo, nos quilombos, nas beiras dos rios, no interior dos povos originários; enfim, no mundo e na vida. Daí a presença neste Construir Currículos da discussão de possíveis novos enredos: a tecnociência global, a obra prima Cidades Invisíveis, de Italo Calvino, textos e sugestões da literatura e das artes no Brasil, relatos/enredos das humanidades e das novas licenciaturas para o magistério. Entram também novas teorias do aprender (Cerebrologia?), que exigem crítica de quem educa.
Lembrar que as Diretrizes foram criadas, revistas, reescritas no CNE (com muitas oitivas e debates) a partir da LDB, Lei 9394/1996, indo até o “impeachment” da presidenta Dilma Roussef. As DCN, sigla plural, trataram de um fazer imprescindível: a criação curricular nas diversas modalidades e etapas da educação. O escondimento das DCN se entende pelo nosso antigo individualismo em pensar educação e falar “sobre” ela (vide crítica de Marilena Chauí), bem como pela ineficiência comunicativa das instituições.
Convém que ainda cheguem nos lugares em que mais carecem de chegar: no cotidiano escolar/comunitário, lugar de tensão e tenção no tratamento de PPPs, currículos, processos didático-pedagógicos e gestão democrática. Neste livro – em consequência - a criação de nova e possível cultura educativa/educação cultural exige a crítica das BNCCs e da Re - forma do Ensino Médio. Convida-se à leitura e à crítica.
Sobre o autor: LUIZ ROBERTO ALVES é professor-pesquisador sênior da ECA-USP. Foi professor da educação básica pública por 20 anos. É membro da Cátedra Alfredo Bosi de Educação Básica do Instituto de Estudos Avançados da USP. Foi Conselheiro Nacional da Educação (2012-2016) e Presidente da Câmara de Educação Básica. É coordenador de pesquisas sobre relações entre cultura, educação e comunicação social. Publicou, entre outros, Administrar via cultura – revolução educativo-cultural na ex-Pauliceia desvairada (1935 – 1938) (Alameda).
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Autor |
Luiz Roberto Alves |
Editora |
ALAMEDA EDITORIAL |
Idioma |
PORTUGUÊS |
Encadernação |
Brochura |
Páginas |
396 |
Ano de edição |
2023 |
Número de edição |
1 |