A relação entre Saúde Mental e racismo, no Brasil, é histórica, ainda que seus meandros nem sempre sejam visíveis. Suas ressonâncias no processo de trabalho de cuidar de gente que sofre em níveis mais graves se revela, assim, nos mesmos contornos de como o racismo se revela (ou não se revela) em quase tudo no Brasil: silencioso e gritante, discreto e cortante, sutil e violento... mortal. Reconhecendo tal história, e pensando junto às trabalhadoras e trabalhadores do campo da Atenção Psicossocial, é que este livro nasce. Ele deriva de uma pesquisa, realizada em Salvador/BA, cujo objetivo geral foi identificar quais as narrativas ligadas ao racismo construídas por parte dos profissionais de um determinado Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) desta cidade. Longe de dar respostas definitivas, queremos provocar debates, descortinar o véu que encobre o racismo como fenômeno na saúde e, se possível, produzir pares, parceiras e parceiros de luta; pois, se há algo que queremos provocar, em verdade, é isto: a luta antirracista no bojo da luta antimanicomial.