Para o Menino Negro que Fui Ensinado a Desprezar, de Michel Ferreira, é um ensaio que entrelaça memórias pessoais e reflexões críticas para iluminar um tema urgente: a masculinidade negra e suas múltiplas dimensões. A obra se propõe a questionar as violências visíveis e invisíveis que atravessam os corpos e afetos dos homens negros, ao mesmo tempo em que aponta caminhos de ressignificação e reconstrução identitária.

 

Organizado em quatro blocos, o livro alterna relatos autobiográficos e análises fundamentadas em estudos da raça, da sexualidade, dos feminismos e de gênero. Essa estrutura permite ao leitor percorrer uma jornada que vai da denúncia da violência cotidiana e estrutural até a possibilidade de um reencontro com a própria dignidade, liberdade e autenticidade.

 

Michel Ferreira, doutor em Tecnologia e Sociedade, professor, pesquisador e ativista, fala a partir de um lugar de vivência e resistência. Como homem negro viado, ele traz para o texto uma voz legítima e necessária, que articula saber acadêmico e experiência pessoal, fortalecendo o impacto e a relevância da obra. Sua escrita, ao mesmo tempo delicada e firme, envolve o leitor em reflexões profundas sem abrir mão da clareza e da acessibilidade.

 

Mais do que um ensaio, este livro é um gesto político e afetivo. Ele revela como as normas raciais e de gênero cerceiam a liberdade de expressão, restringem a afetividade e impõem silêncios dolorosos. Mas também mostra como é possível resistir, desaprender o que foi imposto e criar novas formas de existir no mundo.

 

Leitura essencial para estudantes, pesquisadores, ativistas e qualquer pessoa interessada em compreender as interseções entre raça, corpo e subjetividade, Para o Menino Negro que Fui Ensinado a Desprezar é também um abraço simbólico a todos os meninos e homens negros que foram ensinados a negar a si mesmos.

 

Este livro provoca, emociona e inspira. Ele abre espaço para a escuta, para o afeto e para a criação de masculinidades plurais, vulneráveis e livres.