A aparente frieza dos indicadores tecnológicos oculta um denso jogo de fatores humanos que tornam a tarefa de pensar o Próximo Brasil bem mais difícil. De um lado, as estatísticas, censos, inquéritos e relatórios oficiais convencionais têm coexistido com o vantajoso conjunto de novas ferramentas da Era Digital para quantificar o mundo social com códigos binários, criptografias, programas, algoritmos e inteligência artificial, entre outros. Por outro lado, iletramento digital, fixismo histórico e inércia política são formas que dão espaço a articulações calculadas para se arquitetarem ilusões em favor de interesses privados. De fato, na revolução informacional, os dados crescem como um novo produto extremante lucrativo, e empresas privadas detêm o controle de big data deixando dúvidas sobre a precisão e a imparcialidade dos dados, colocando a democracia em perigo. Este livro analisa com maestria os jogos de interesse que historicamente cercam a governança de dados, e aponta caminhos para que o próximo Brasil possa ser decifrado melhor com as lentes do sistema estatístico nacional desde o seu surgimento no último terço do século XIX.