Este é um livro polivalente. O Mistério da conjunção, de Michel Maffesoli, consegue, ao mesmo tempo, sintetizar as idéias recorrentes do grande sociólogo francês da pós-modernidade e avançar na sua perspectiva teórica desbravadora. Quem quiser saber qual o papel da socialidade e do lúdico em nossas sociedades, não pode deixar de ler os ensaios desta obra irônica, erudita, simples e inspirada. De resto, quem quiser saber o que é socialidade, o que é lúdico, o que é pós-modernidade, o que é imaginário, o que é trajeto antropológico, enfim, tudo isso, está intimado a mergulhar neste livro composto como uma suma pós-moderna. Alguns textos são antológicos. Impossível não ficar maravilhado diante dos argumentos e das interpretações de “a prostituição como forma de socialidade” ou de “a mesa como lugar de comunicação”. O autor consegue praticar uma sociologia poética, do cotidiano, do presente e da vida “como ela é”. De resto, os interessados em estudos e análises dos fenômenos de comunicação, vão encontrar, não dá para evitar um clichê, um “prato cheio”. Ao longo de seis ensaios contundentes e na contramão do convencionalismo acadêmico, Maffesoli sugere que a vida é feita de jogo, de encenação, de astúcia, de ousadia e, principalmente, dos “insignificantes” acontecimentos de cada dia. O cimento social é tudo aquilo que se faz sem a pretensão de mudar a existência ou de inventar algo grandioso. Eis uma sociologia que se faz crônica. Difícil encontrar ode maior aos “homens sem qualidades”, aos heróis da luta diária contra a rotina, ao “fantástico” da existência e, mais do que tudo, à criatividade simples das realizações essenciais e banais que ligam uns aos outros e, com humor, malícia, brincadeira, sexo e irreverência, salvam o homem da obsessão produtiva e o liberam para a grande orgia da vida. O Mistério da conjunção é uma deliciosa e necessária provocação, um estímulo ao pensamento livre e errante.Confira a fanpage da Editora Sulina