• Luto à flor da pele

Enquanto signo não standard de luto, as tatuagens surpreendem pela rápida e ampla absorção não só entre jovens. Quando iniciamos nosso estudo, nos perguntávamos sobre o estatuto desse signo e sua função no luto, intrigados como estávamos se esse tributo não seria apenas mais uma “nova onda ornamental” no contexto da banalização da morte e do luto ou até mesmo uma forma de negação. Mas quem realmente teria a palavra para dizer o que se passa senão os sujeitos tatuados por ocasião de luto?

Se atualmente o luto é vivido solitariamente, sem contar tanto quanto no passado com o suporte dos ritos e do público que o acompanhava, sobra cada vez mais para o sujeito a tarefa de encontrar ou inventar um modo particular de ritualizar o pesar fazendo valer o direito à memória e à rememoração (logo, comemoração) dos mortos.

Nesse contexto, as novas expressões de luto parecem responder à persistente necessidade humana de fabricar signos para se lembrar dos mortos conferindo-lhes alguma duração. Mas não só. No luto que abre um “furo no real”, convoca-se nada menos que todos os recursos simbólicos e imaginários para forçar, no furo, uma escrita possível da perda. Se “a pele é o que há de mais profundo no homem”, como escreveu o poeta, a tatuagem in memoriam transita entre dois registros, o do visível e o do invisível. Sua presença é uma sombra, a marca de uma ausência irremediável.

Código: L004-9786555060836
Código de barras: 9786555060836
Peso (kg): 0,735
Altura (cm): 21,00
Largura (cm): 14,00
Espessura (cm): 3,00
Autor Miriam Ximenes Pinho-Fuse
Editora BLUCHER
Idioma PORTUGUÊS
Encadernação Brochura
Páginas 536
Ano de edição 2022
Número de edição 1

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Luto à flor da pele