No fundo, este livro aposta no mote de que não há nada mais prático do que boas teorias para iluminar os problemas e direcionar possíveis respostas. Sua composição apresenta três facetas, uma geral e duas mais particulares: a) dar a conhecer a relevância, inclusive por meio da crítica bem fundada, do realismo especulativo para enfrentar muitas das complexidades contemporâneas; b) colocar em discussão as pretensões dessa filosofia de renovar os caminhos da filosofia; c) superar os vícios interpretativos do antropocentrismo que se tornou um dos grandes empecilhos para se compreender a condição humana na era da internet das coisas e da inteligência artificial. Para atingir seus objetivos, o livro apoia-se em grandes tópicos, tais como: a) a dissolução das dicotomias e o anti-antropocentrismo; b) as tecnologias conectivas e os novos modos de conhecer; c) as questões concernentes à mediação e ao realismo.
A originalidade do volume se encontra no fato de que introduz um fator que tem sido pouco problematizado na OOO, a saber, as transformações que o acelerado desenvolvimento das tecnologias digitais está trazendo tanto para o próprio conceito do humano, quanto para as tradicionais concepções daquilo que se costumava chamar de objeto que, no ponto de desenvolvimento das tecnologias, está se convertendo em ser senciente, comunicativo. Outro fator de originalidade encontra-se na incorporação do realismo de C. S. Peirce à 12
Lucia Santaella discussão, dada a contribuição inestimável de sua versão do realismo para os debates atuais.
Os artigos aqui presentes correspondem aos frutos de quase seis anos de estudos conjuntos realizados pelo grupo de pesquisa Transobjeto
(http://transobjeto.wordpress.com).

Durante esses anos, o grupo constituiu e deu continuidade a um blog no qual o leitor poderá textos redigidos por seus membros que, ao longo do tempo,
foram registrando o pensamento e o diálogo crítico do grupo. No estágio atual, portanto, este volume se constitui em um coroamento do investimento intelectual engajado, voltado para os desafios mais profundos que hoje afetam e transformam não apenas a condição, mas a própria natureza do humano na sua simbiose com as tecnologias inteligentes culminando nos algoritmos da inteligência artificial.
Enfim, aqui está um volume que visa levar o leitor a pensar em que bases filosóficas e estéticas se localizam e se movimentam os grandes problemas que nos afligem e que reclamam por ser compreendidos para além do palavreado dos vãos estereótipos.