Este livro é uma adaptação do meu trabalho de conclusão de curso (TCC) intitulado “Mulheres da terra: um panorama antropológico sobre as diversidades de relações e conexões entre a terra e as mulheres em Abya Yala”, requisito necessário para a graduação no bacharelado em Antropologia – Diversidade Cultural Latino-Americana pela Unila. O livro trata sobre as temáticas de gênero e ruralidades, com um enfoque para as relações entre a terra e as mulheres da terra, que são mulheres dos campos, das florestas ou urbanas, que se relacionam com a terra, por meio do cultivo, da alimentação, da saúde, da espiritualidade, dos conflitos por território etc. Elas assumem uma postura de resistência contra a destruição de seus corpos-territórios pela valorização e retomada das agrossabedorias ancestrais femininas transmitidas de geração em geração, lugar desde onde elas se organizam coletivamente em movimentos sociais e organizações políticas na tentativa de eliminar as relações de dominação entre homens e mulheres e entre seres humanos e natureza e gerar uma transformação social. Este livro aborda o tema de maneira interseccional (englobando aspectos de gênero, raça e classe social), as pluralidades de agrossabedorias femininas individuais, coletivas e ancestrais, e realiza, pela metodologia de etnografia multissituada, uma análise crítica de materiais bibliográficos, audiovisuais e entrevistas qualitativas realizadas durante a pandemia da Covid-19 de maneira virtual. A proposta é realçar as vozes de 12 mulheres entrevistadas que compartilham seus saberes e demonstrar que, por intermédio da busca cotidiana por uma vida mais “sana” e por autonomia e soberania para seus corpos-territórios em conexão com a Pachamama, elas propõem transformações sociais baseadas nessas cosmovisões e cosmopráticas, principalmente em alternativas de vida mais autônomas e ecológicas para curar as mulheres e a terra em Abya Yala.