A navegação-obra A pesca artesanal ribeirinha no Tapajós: regime de informação, regime de vida no Lago do Juá, se assim a concebemos, translada, transversaliza, navega em mundos outros, interconecta-os de forma a ajuntar saberes formais e informais de forma humana e ética. É olhar crítico e atento, que aborda problemáticas sociais e não se contenta em apenas descrever o que observa, vai além, trazendo a possibilidade de inovadores diálogos epistêmicos, imagéticos, concretos, refletindo sobre o próprio autor desnudo, repleto de dúvidas, angústias, memórias e traumas. Nada é puro, neutro ou distante, mas intenso em cores, odores e dores. Como se entrássemos em um dos barcos de pesca e fossemos arriscar, viver a vida deles, enfrentar os riscos das intempéries da navegação, dos ventos fortes, do intempestivo. Dessa maneira, em um átimo, tanto pode-se morrer, aleijar-se na chuva ou no sol ardente, quanto é possível absorver os medos, as sensações ou partilhar intuições, informações, conhecimentos. Assim, o autor vai remando, sonhando, levantando e jogando âncora, festejando em cachaça, desbravando campos conceituais e campos de forças reais. Nesse movimento de conhecer a pesca artesanal ribeirinha no gigante Tapajós, surgem os convites: saber-fazer, seria ler e se ler nessa obra, saber-pescar, seria metaforizar-se, entrar nessa margem do rio junto com as “gente da gente” e seguir rumo a pescaria, rir dos causos, entender seus dramas, e se possível respirar, fechar os olhos e lembrar que seria ótimo se eles também pudessem ouvir algo sobre nossas lutas, forças, fraquezas diárias, porque, afinal, temos nossos rios, nossos pescados, nossas florestas de símbolos, nosso Juá.