A Guerrilha Brancaleone nada mais é do que a síntese da possibilidade da construção de um projeto de convivência coletiva em épocas duríssimas, e onde, apesar de tudo, havia um horizonte de expectativa de que a felicidade e a igualdade social poderiam ser objeto de conquista para as gerações futuras, o que, obviamente, contrasta terrivelmente com aquilo que encontramos nos dias de hoje. Enquanto essa injustiça persistir, enquanto o Terrorismo de Estado em tempos de ditadura ou democracia persistir, livros e mensagens como as de Cláudio Gutierrez continuarão sendo libertadores e inspiradores, balizas para não perdermos o norte, o caminho das utopias, da Utopia onde todos possamos viver de maneira mais digna, onde a dignidade seja para todos e não somente para aqueles que detém o poder de tudo aquilo que capital compra, corrompe e apodrece.
Em síntese, A Guerrilha Brancaleone é uma belíssima porta de entrada para descobrir uma Porto Alegre em tempos de ditadura, em tempos pré-AI-5, uma cidade que se espraia em algumas regiões do Rio Grande do Sul, muito focada em algumas instituições de ensino e culturais, como o caso do Teatro da Arena, por exemplo, ou até em alguns locais de boemia, o que dá uma noção muito aproximada do que eram os interesses, as formas de sociabilidade, a maneira de enxergar o mundo a partir de uma cidade muito pacata, muito provinciana e que, entretanto, também foi abalada pelos acontecimentos não só locais, mas também internacionais da época.