Existe uma fronteira sutil entre a cultura do projeto do novo e a da conservação do existente que ainda não foi devidamente explorada. O autor se propõe trabalhar esse desafio e o faz pondo ao centro da sua reflexão o estudo das obras, a partir das quais será possível começar qualquer tipo de teoria arquitetônica e de projeto. é uma obra madura, inovadora e original, decorrente da familiaridade do autor com o tema e com o transito entre a reflexão teórica e a prática projetual. O texto tem a virtude de trabalhar a teoria de maneira aplicada, como estratégia possibilitada pela metodologia genealógica utilizada pelo autor e que se mostra extremamente necessária no campo do patrimônio onde, muitas vezes, fascina-se pela possibilidade de se criarem regras universais e abstratas, amparadas na consciência de que a cultura do restauro e da conservação, como apontado ao longo do livro pelos protagonistas desse âmbito cultural, tem bases técnicas e científicas sólidas; que não se rompem facilmente. Por meio do método genealógico, o autor supera essas e outras contradições e contraposições, situando as polaridades no campo da dialética hegeliana, que, pelo menos no caso da intervenção em preexistência de interesse cultural e arquitetônico, parece ser a forma mais adequada de operação. A delimitação do âmbito de interesse, quando se fala de projeto em preexistência, permanece, evidentemente, como questão aberta e contraditória. Ambas as culturas, aquela da conservação e a do projeto do novo, tendem a incluir, o máximo possível, os confins disciplinares nos seus respectivos territórios. O autor acredita que na transformação se dá o resultado da dialética entre a cultura do projeto do novo e a da conservação do existente, uma vez que transformar implica, e sempre implicou, aceitar que se principia sempre de qualquer coisa já existente, que, em parte, transforma-se e, em parte, permanece com elementos invariáveis de continuidade. A conservação configura-se, assim, como a contínua busca dos limites e das regras da transformação. Aceitar esses limites quer dizer aceitar o novo e a sua inserção na preexistência por um diálogo fecundo e rico.
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Autor |
Federico Calabrese |
Editora |
APPRIS |
Idioma |
PORTUGUÊS |
Encadernação |
Brochura |
Páginas |
377 |
Ano de edição |
2020 |
Número de edição |
1 |