Os ensaios que compõem este livro têm como “fio vermelho” a concepção gramsciana de paixão – o antídoto ao determinismo econômico hegemônico que então grassava no pensamento social. Paixão, mito, vontade coletiva, práxis são ingredientes que nos conduzem ao cerne do pensamento de Gramsci: o conceito de hegemonia.
Eduardo Granja Coutinho mostra as conexões teóricas entre o revolucionário sardo e um conjunto de autores, revelando os pontos de contato e divergência entre eles. Sorel, Lênin, Mariátegui, Brecht, Reich e Pasolini foram sucessivamente convocados para um surpreendente encontro com Gramsci. Não estamos, portanto, diante de mais um enfadonho exercício de digressão filológica, tão comum em alguns intérpretes gramscianos. O pensamento vivo e apaixonado de Gramsci é resgatado em toda a sua atualidade. Mas não estamos também apenas diante de mais um texto erudito de história das ideias. Consoante com Gramsci, a razão apaixonada do autor discorre sobre teorias, porém o seu olhar atento está voltado para a compreensão da miséria brasileira, do deprimente momento histórico vivido pelo nosso país. (texto da orelha do livro, por Celso Frederico, professor titular da Universidade de São Paulo)