Passados 100 anos desde sua primeira publicação, Antônio Chimango, um clássico da literatura gaúcha e da história política do Rio Grande do Sul recebe aqui, em dois volumes, uma edição que o valoriza ainda mais. Concebido pela complexa personalidade de Ramiro e publicado em 1915, o poema constituiu-se como forte panfleto político, mas sua excelência literária, dotada de estrutura inteligente e sólida, o converteu numa joia das letras satíricas brasileiras e um caso especial no quadro da poesia gauchesca, numa trama em que história, política e literatura dialogam profundamente. Além do célebre “poemeto campestre” Antônio Chimango, Ramiro Barcellos produziu uma miríade de textos só agora reunidos no volume 2 desta edição: são poemas e crônicas, assinados por Ramiro e seus pseudônimos, de exuberante verve satírica, evidenciando a habilidade com a palavra e a forte convicção na defesa de seus pontos de vista, tanto em poesia quanto em prosa, assim como em discursos e textos de combate e polêmica, estes, no mais das vezes, em chave republicana e antipositivista. Estas edições, apresentadas, organizadas e anotadas, a partir de extensa pesquisa, por Luís Augusto Fischer, vem acompanhada de material ensaístico abrangente, evocam um novo olhar crítico sobre uma obra fundamental para entender um período marcante do Rio Grande do Sul e do Brasil.