"Nos palácios renascentistas, Studiolo era o nome dado ao pequeno quarto no qual o príncipe se
retirava para meditar ou ler, rodeado pelos quadros que amava de modo especial. Para o autor, este
livro é uma espécie de studiolo. Mas não se compreende o que significam para ele as imagens que a
todo instante procura ler e comentar se não se compreende que o que está em questão não é um
espaço privado, mas sobretudo outra experiência do tempo, que diz respeito a cada um de nós.
Benjamin dizia que entre cada instante do passado e o presente há um compromisso secreto e que
caso se falte a esse compromisso -- caso não se compreenda que as imagens que o passado nos
transmite eram dirigidas justamente a nós, aqui e agora --, é nossa própria consciência histórica que
se rompe. A aposta que mantém juntas as obras reunidas no studiolo, com efeito, é a de que elas,
ainda que tenham sido compostas num arco temporal que remonta de 5000 a.C até hoje, só agora
atingem sua legibilidade. Por isso, apesar da atenção aos detalhes e das cautelas críticas que
caracterizam o método do autor, elas nos provocam com uma força, e quase com uma violência, da
qual não é possível escapar. Quando compreendemos porque Dostoievski teme perder a fé diante do
«Cristo morto» de Holbein, quando a «Lebre» de Chardin se revela de uma só vez a nossos olhos
como uma crucifixão, ou a escultura de Twombly nos mostra que a beleza por fim só pode cair, a
obra de arte é assim arrancada de seu contexto museográfico e restituída à sua quase pré-histórica
origem. E esta e não outra, sugere o autor, é a tarefa do pensamento."
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L004-9786586683578 |
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Autor |
Giorgio Agamben |
Editora |
EDITORA ÂYINÉ |
Idioma |
PORTUGUÊS |
Encadernação |
Brochura |
Páginas |
127 |
Ano de edição |
2021 |
Número de edição |
1 |