A Arte do Ator entre os Séculos XVI e XVIII, que a editora Perspectiva leva ao leitor pela sua coleção Estudos, analisa os principais conceitos que nortearam esta arte, no período em que foi pela primeira vez enunciada, da baixa Renascença até o Iluminismo. A preceptiva do ator aparece no século XVI, tendo como base a arte poética e a retórica, ambas consolidadas desde a Antiguidade e, portanto, referências obrigatórias para suas co-irmãs recém-nascidas, as artes do espetáculo. Como as nuanças da representação de uma peça acabam sendo definidas conforme a reação que se espera do público, o ator tem de incorporar ao seu desempenho essa oscilação, essa inconstância, razão pela qual os tratadistas não se pautam pelo modelo analítico-dedutivo da matemática, adotando antes um estilo errante, quase sempre em forma de diálogo. Desse modo, perpassam temas como a quarta parede, literalmente preceituada por Diderot no século XVIII, embora desde o XVI fosse requerida, em outros termos, por autores italianos. E, ao constatar que o valor didático do teatro reside no fato de que a devassidão dos atores desaparece em cena, podendo-se ali dar bons exemplos morais, o enciclopedista expunha um paradoxo que havia sido tratado em chave oposta no século XVII, por Nicolò Barbieri: fora do palco os atores são dignos e honestos mas, ao colocar máscaras de facínoras, servem de contraexemplo para a plateia. Vemos também que nem sempre a comédia foi considerada um gênero libertário e que, no período em questão, recursos cênicos como o distanciamento são largamente utilizados, concorrendo para envolver ainda mais o espectador, ao invés de romper a ilusão. A arte do ator surge em teatros palacianos e casas de espetáculo, mas comparece com o mesmo peso nas encruzilhadas e tablados. Desmistificam-se assim algumas de nossas mais caras teorias de teatro.
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Autor |
Ana Portich |
Editora |
PERSPECTIVA |
Idioma |
PORTUGUÊS |
Encadernação |
Brochura |
Páginas |
224 |
Ano de edição |
2008 |
Número de edição |
1 |