Arquivos Pessoais, Patrimônio e Educação: ego-documentos em cena é uma coletânea que reúne estudos que tematizam a função testemunhal dos arquivos, especialmente os pessoais, concebidos como guardiões de memórias pessoais, entrelaçadas à memória coletiva. Os capítulos do livro consideram os arquivos como portadores de patrimônios educativos, tanto os que estão salvaguardados em centros de memória e museus quanto aqueles que permanecem guardados pelas famílias dos titulares, fora dos contornos institucionais com o argumento de que, quando visibilizados, contribuem para promover a ampliação do repertório da História e da Educação, como uma produção discursiva de um determinado tempo e lugar. Nesse sentido, a obra coloca em cena uma variedade de ego-documentos, tais como diários, álbuns de recordação, cartas, lembranças de ritos religiosos, cadernetas de anotações pessoais, entre outros, que permitem, pela operação historiográfica, que possamos melhor compreender as dinâmicas educacionais, cotidianas, políticas, profissionais, pessoais, entre outras. O reconhecimento dessas materialidades, transmutadas em documentos pelo ofício do historiador, permite que se façam investimentos de ordem teórica e metodológica, colocando em cena fontes menos seriais e mais qualitativas, aparentemente insignificantes, mas que, tramadas e problematizadas pela pesquisa historiográfica, possibilitam a produção de novos conhecimentos em História da Educação. Assim, nos 12 artigos escritos por 17 pesquisadores e pesquisadoras, os leitores encontrarão múltiplas experiências sobre as possibilidades de pensar os arquivos pelos recursos da História e da Memória, tendo a palavra escrita como ferramenta. Arquivos de mulheres, de homens, de instituições memoriais foram devassados para melhor compreender seus processos de constituição, seu potencial documental, em especial, os ego-documentos que dão a conhecer a si, ao outro e ao mundo. No tempo presente, em que a memória e o patrimônio são palavras mestras, o conjunto de textos que o leitor encontrará evidencia o engajamento dos autores nos estudos em torno desses conceitos, portanto, promovem a construção de novos saberes, que enriquecem a pesquisa com arquivos pessoais, pela problematização de vestígios de outras temporalidades, aqui tramados como patrimônios culturais, de cunho histórico-educativos.