Não tenho aqui a pretensão de ensinar ou impor um jeito de ser amigo. Jamais, pois a amizade nasce das formas mais diversas. A amizade não escolhe raça ou condição social, as únicas coisas que a amizade tem como exigências são a fidelidade, o cuidado e o cultivo. Aqui só quero partilhar um pouco do que tenho vivido na minha vida com os amigos que Deus me deu. Posso dizer que são poucos – com eles vivi e vivo as mais lindas aventuras do amor de Deus. Sei que machuquei amigos e fui machucado, vivemos a aventura do estar sempre nos reconciliando, pedindo perdão e perdoando, pois a amizade é um dom maravilhoso de Deus que tem que ser preservado e guardado. A verdadeira amizade tem a exigência de ver no outro não só o que eu enxergo, e sim o que o outro pode ser. Ela nos leva a ir mais longe ainda quando pensamos não ter mais força, o amigo torna-se um Cireneu a nos ajudar a carregar a cruz e a não olhar tanto para o peso que ela tem. Uma amizade se trata de reciprocidade, se trata de afeto. Uma amizade te preenche. Talvez a amizade seja a relação mais importante, simplesmente pelo fato de estar presente em todas as relações. Todo relacionamento sem amizade certamente não é um relacionamento agradável. Em um namoro, é imprescindível ter amizade, em uma relação de pais e filhos, nem se fala. Podemos chamar o outro de amigo quando confiamos a ele nossas ideias. O ser amigo nos funde na amizade do ser; os amigos são uma só alma. A amizade é uma experiência do absoluto de Deus. Não existe verdadeira amizade senão entre aqueles que Deus une pela caridade. A amizade sadia e verdadeira nasce do eterno (Deus), e a levamos para a eternidade, além da morte. “A amizade que pode acabar nunca foi real” (São Jerônimo). A todos que estarão lendo e a todos meus amigos, aqueles que foram preservados da infância e os que fiz ao longo da vida, aqueles que ainda hoje estão comigo e aqueles que estão na eternidade, o meu carinho, a minha oração e a minha gratidão