O conceito de cultura parece um “subterfúgio ritual” no contexto da formação social pós-ditadura no Chile, ensejando uma formação discursiva ambígua que impediu o desenvolvimento das ciências da cultura e propiciou um uso equivocado desse conceito e de seus derivados semânticos. Assim, primou num amplo espectro de nossas ciências humanas um vazio, uma ausência, uma visão culposa que atualmente, já introjetada, se torna um peso, obrigando-nos a assumir novas categorias e a nos comprometermos com os processos históricos. Sonho que o recente movimento estudantil seja um tremor que possibilite esse assalto ao céu que significa interdisciplinar tudo, confundir, misturar, atrever-se a falhar, ressignificar, criar e recriar. Enfim, fazer uma mimese desatada e uma práxis heterodoxa, permitindo assumir nosso pensamento e nossa escrita como uma mão lançada ao infinito para captar, nunca capturar, a explosão de metáforas suscetíveis em cada enunciação e descobrir galáxias com formas sinuosas e irregulares na infinitude do céu estrelado de significantes. Sem dúvida, Huidobro tinha razão – “o adjetivo, quando não dá vida, mata”. A linguagem sempre falha, mas confio que estes adjetivos, e mesmo este livro inteiro, não dilapidem a possibilidade de prosseguir a escrita.
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Autor |
Miguel Alvarado Borgoño |
Editora |
EDITORA DA UNICAMP |
Idioma |
PORTUGUÊS |
Encadernação |
Brochura |
Páginas |
248 |
Ano de edição |
2017 |
Número de edição |
1 |