As celebrações pela proclamação da abolição da escravidão no Amazonas naquele julho de 1884 fazem parte de um processo cultural de modificação dos corpos, de rituais de polidez e de civilidade, de encenação das ideologias dominantes do final do século XIX. Estava em jogo a manutenção – ao menos idealmente – de uma sociedade indivisa e harmônica. Nascia ali, a representação visual a ser inscrita na memória coletiva que informa, até hoje, identidades raciais, nacionais e de gênero. A escolha do horário, por exemplo, encenava a igualdade, já que o sol, era o que se dizia, em seu ponto mais alto iluminava indistintamente, evitando a projeção de sombras que sinalizasse desigualdades nessa comunidade cívica. O conjunto dessas cenas, investidas de exibicionismo e saudações narcísicas, funciona como um objeto, uma estrutura que engloba registros retirados da história para fixá-los em uma espécie de véu, no qual se projetam fantasias e desejos. Essa estrutura de recortes da realidade, diferencial que se apresentava, funciona como um mosaico, um painel, que, a nosso ver, tem uma função encobridora. Encobridora de quê, exatamente? Dos desejos inconscientes de morte social contra aqueles que não se integravam aos ideais de ser branco da época.
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| Autor | Ygor Olinto Rocha Cavalcante |
| Editora | CRV |
| Idioma | PORTUGUÊS |
| Encadernação | Brochura |
| Páginas | 148 |
| Ano de edição | 2021 |
| Número de edição | 1 |

