A precariedade das condições de Higiene e Saúde no Rio de Janeiro colonial impressionaram Dom João VI ao chegar a cidade em 1808. Aconselhado por José Correia Picanço, fisico-mor, que viajara na mesma nau que trouxera D. João, o Principe Regente, logo após o desembarque, em 8 de março de 1808, nomeia, já em 2 de abril, Joaquim da Rocha Mazarem para ministrar no Hospital Militar do Morro do Castelo as primeiras aulas de cirurgia. Em 5 de novembro do mesmo ano organizou as aulas em um esboço de curso. Desde esse inicio e vencendo todas as dificuldades materiais e de pessoal necessários ao ensino médico, homens idealistas lutaram pelo ideal de criar na Corte uma Faculdade de Medicina. É a saga, às vezes heroica, desses homens que das ladeiras do morro de Castelo, pelos caminhos mais difíceis, levaram aquele projeto à planície da Ilha do Fundão, criando o que hoje é a prestigiada Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro primeira Universidade do Brasil. E essa a história que este livro procura contar. Sem os recursos necessários e com os precários conhecimentos então existentes, levaram seu ideal ao ponto de, já no segundo império, ter uma Faculdade que apesar de precariamente instalada, ser considerada como das melhores do mundo. Não eram as instalações que lhe davam prestigio, mas os homens que por ela lutavam. Logo no inicio do período Republicano conseguiu a tão sonhada casa própria o prédio da Praia Vermelha, onde permaneceu até mudar-se para o outro lugar sonhado a cidade Universitária situada no campus da Ilha do Fundão. A história não teria sentido se não fosse acompanhada pela descrição das alterações por que passava a cidade do Rio de Janeiro. Descendo as ladeiras do morro do Castelo espraiou-se pela planície pantanosa e rica em lagoas. Nos dois séculos elevou-se a situação de Cidade Maravilhosa e um pouco das transformações porque passou, enriquecem o texto. Finalmente a história da criação de uma Universidade com mais de três séculos de atraso em relação a outros países hispano - americanos que já no século XVI possuíam Universidades.